LIVRO NÃO É DINHEIRO

Se livro fosse dinheiro, moeda de troca mesmo, será que teria mais valor? Escritores seriam donos da Casa de Moeda? Escrever um livro seria o mesmo que fabricar dinheiro? Bibliófilos seriam milionários? E as livrarias seriam os bancos? As bibliotecas as casas de empréstimo? Os guarda-livros e contadores teriam ainda a mesma função de cuidar do nosso patrimônio financeiro livresco? Encontrar um livro esquecido no fundo de um armário, na sacola no metrô ou na rua seria como encontrar dinheiro?

Uau… Melhor eu parar por aqui. Esta fantasia, além de risível para alguns, é demasiado forçada para outros. Mas, na verdade, é só um exercício de imaginação. O ofício de escrever pode não dar dinheiro, mas dá muita liberdade, a tal “Liberdade de Criação”.

Há pouco dias, 25 de julho, comemorou-se o dia dos escritores e dia das escritoras, evidentemente. E, junto com ele, acontece a campanha “Esqueça um livro”, que eu acho muito oportuna. No entanto, devo dizer por experiência própria, que não é tão fácil esquecer um livro. Experimentei uma série de desventuras. Atribuo a isso, constatações que dizem respeito a relação que cada um de nós estabelece com o objeto livro. Vejamos:

  1. Livro não é algo que se esquece, é algo que se perde. Então, tem sempre alguém que vem correndo lhe entregar o livro que você, deliberadamente, esqueceu;
  2. Livro não é dinheiro. Então, ele pode até ficar “esquecido” por dias numa mesa, cadeira ou rua. Daí a importância de deixar um recadinho sobre a campanha;
  3. Em tempos de atentados e terrorismos, a atitude de tirar um objeto estranho da sacola e deixar por ali, pode soar suspeito. Tive de fazer um breve discurso no restaurante que almoço para tranquilizar os frequentadores de que o livro que deixava era totalmente inofensivo;
  4. Ainda tem o ditado que diz que “nada é de graça”. Então, quando decidi ser direta, me aproximar das pessoas e dizer que estava esquecendo aquele livro ali para eles e tal, alguém, por educação, se adiantou para perguntar: “Quanto é?”

Pois é. Deixando de lado outras possibilidades (como, por exemplo, o que acontece quando alguém resolve pegar um livro esquecido), eu torno a dizer que não é fácil esquecer um livro. Mas eu anseio pelo dia em que a busca pelo livro seja tão grande que o esquecimento proposital, tão importante, que a campanha “Esqueça um livro” realiza todo ano para aproximar os leitoras e leitores da leitura e do livro, seja uma verdadeira “Caça ao Tesouro”, como se livro fosse dinheiro, porque tesouro ele, desde sempre, já é.

Você não precisa se ater a nada disso. Uma das partes mais interessantes sobre os blogs é que eles evoluem constantemente enquanto aprendemos, crescemos e interagimos uns com os outros, mas é sempre bom saber de onde e por que você começou. Além disso, organizar seus objetivos pode dar ideias para outros posts.

Foto by Nadia Virginia acervo pessoal

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