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Escrever para viver, para não morrer, para respirar…

Para que servem as Crônicas

Peço aos colegas de crônica o favor de deixarem um pouco de primavera para mim. Também quero comentá-la. Quem fez essa afirmação foi Carlos Drummond de Andrade, mas, se referindo ao verão, em uma crônica publicada na obra O poder Ultrajovem, de 1972.

Peço que me desculpem, mas, vendo a Primavera chegando tão exuberante com todos os seus belos sinais, mesmo aqui, a nordeste do mundo, abaixo da linha do Equador, não resisti à tentação de também poder comentá-la. Cronos, o tempo, continua deixando as marcas da sua passagem. E a crônica, como boa filha do tempo e da cidade, manda suas notícias, soprando recados, dando conta das miudezas da vida, no ouvido dos cronistas.

Quem se importa em comentar as tardes passadas na rua, procurando sombra, encontrando flores onde antes não havia nada?  E o vai e vem no mercadinho, na escola, na padaria e na feira da primavera? Quem vai dizer para todo mundo que há ninhos de pássaros urbanos por toda parte?

Pode parecer irrelevante, mas eu gostaria de comentar que há um ninho de bem-te-vis aqui em casa, no lustre da nossa sala. Penso em interditar a circulação de pessoas para não os perturbar.

Crônicas servem para falar de coisas significativas que parecem insignificantes. Crônicas servem para tecer comentários, dizer que a vida continua, ordinária e rara, tediosa e vibrante.


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